Silêncio.

Brisa gelada que faz tremer os ossos. Escuridão e a espessa neblina que, inquieta, confunde-se com a noite.

Turquesa amaldiçoada, negro horizonte cinzento. Luz trêmula faz-se presente no quarto de sombras e paredes caladas.

Dentro, eternas luzes verdes intermitentes, na solidão da própria existência. Colaborando no refúgio insensato porém necessário, conectando palavras randômicas.

Fora, infinitas luzes trêmulas, passeando por entre os grãos de água. Janelas e quartos e a vida alheia, fatos aparentemente desconexos, conectados.

Silêncio.

Reflexos no vidro embaçado da janela.

Água da chuva, iluminada pela luz dos postes na rua, caindo devagar. Ar gelado, os músculos se contraem, boca seca, olhos atentos.

Pequenos detalhes, tão sutis, passam desapercebidos. Pequenos detalhes, que berram, tão evidentes, nem se notam.

Permanente toque de limão. Amargo, a garganta fechada, lembranças de batalhas travadas diariamente, esvaem-se, como plumas ao vento. Como o suave sopro da neblina, escorre como gotas que batem insistentemente no vidro.

Amargo e vermelho como o vinho, nobre e repudiante.

Gosto peculiar. Familiar, de certa forma.
Silêncio.

Por Leonardo Bighetti

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Ditar!? Como...? DITANDO!!!

Na inquieta devoção, de uma falsa mente calma,
Encanto repentino, tormenta na ilusão mascara.
Voz aguda, tão alta que traduz toda vontade,
Resta-lhe a crença, de sua mera, meia, verdade.

Caminho que chamas à chama que condena,
Morte oriunda que a face encara plena.
Período sem escrúpulos de palavras tão gentis
Majestade da culpa, torna-se amarga sentinela infeliz.

Portões se abrem e mentes se acolhem.
Mentiras favoráveis, típicas do bom homem.
Aos que firme mantiverem-se? Mentira próspera está pronta!
Àqueles que forem contra? Dolorosa morte vos aponta!

Heróis solitários. Barreira eterna que chateia!
Gritam suas idéias, entrelaçadas na anarquia.
Digna morte eterna lembrança que plantam,
Ecoa pelo tempo, caminhos livres que encontram.

Pessoas morrem, algumas desaparecem...
Afronta que atenta, tentativa que enobrece.
Martír esculpido em sangue, tão logo não se esquece,
Lembranças que trazem dor, esvaem-se e apodrecem.

Maquiavélico plano convarde. Emerge pleno e ciente.
Senhor das vidas roubadas. Ladrão sem coração evidente,
Resguarda-se absoluto, sois o rei da imperial ariana!
Suástica e Bigode, és o pai nato que a pátria proclama!

Oratória do genocídio, onipotência ostentada,
Implacável dom malígno, demência executada.
Tormenta de gelo e fogo, traz aos homens pranto e terror,
Sussurrada e simbolizada, pela temível flor incolor.

Almofadas de nuvens, promessas de vidas eternas,
Falsas ideologias do perverso e articulado palhaço.
Escuridão do abandono que fortifica até o mais fraco,
Jorra o sangue que da boca brota: "Convoquem a salvação pela Guerra!".

A.H! Acabou! Agora és livre para sorrir no inferno!


________________
por Ricardo Cicarelli

user darkside   date 10:51 AM. permalink Permalink

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Brisa da Inspiração

Hoje acordei só por acordar
Não senti nada, uma manha vazia
Nem triste, nem feliz, nem doente
De alma sem inspiração, corpo sem coração

Logo no meu vácuo tentei enxergar
Mas parecia que nada havia
Nada que supria a inquietude da minha mente
Então fiquei olhando o sol se por, um dia em vão

Até a brisa da noite chegar
Em nada conseguia ver valia
Então, numa nuvem vi, contente
A resposta que me deixou salvo e são

Essa que veio acabar
A ser uma coisa que há muito não via
Mas pensava, então me toquei de repente
De que talvez isso é tudo, talvez não

Porque de tantas coisas a me atormentar
Bem nisso fui achar o que queria
A inspiração, que veio diferente
Veio quieta, de cabelos lindos e sorrindo então

Mas se sorrindo pra mim ao andar
Isso eu não sabia
Mas vinha com olhos cristalinos e olhar rente
Ao meu próprio, pra depois me corar, feito pimentão

Será que consigo alcançar? Ou ainda se devo tentar?
A resposta é outra pergunta, ainda uma fria
Será que me conhece? Sabe o que por ela meu coracao sente???
Mas acho melhor tentar, o pior pode ser um não

Por Renan Fagalde "Funny"

user darkside   date 10:50 AM. permalink Permalink

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Ecos Inefáveis

Sem perceber me enterro vivo
Me corto para nunca mais cicatrizar
E me grito e me arranho

Nunca mais me sinto vivo
Afinal cortado para nunca mais cicatrizar
me grito e me apanho

Cortado para nunca mais ceder
Forçado e por mim mesmo barrado
Flores que me fazem arrepender


Não consigo mais continuar assim cativo
Chorar vivendo sem em ninguém esbarrar
E suportar tentação de tal tamanho

Me contentar em ser inexpressivo
E caminhar sem em nenhuma flor tocar
Fantasiando-me de estranho

Em sentidos diversos pareço pender
Pois por minha própria rejeição ser rejeitado...
É dor pra nunca mais esquecer

por Leandro Bighetti "Bam"

user darkside   date 10:50 AM. permalink Permalink

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Advogados da Ironia

Soterrado e desconhecido no coração negro retorcido
Vácuo existencial, o mais insano berro jamais ouvido
Lágrima seca da chama eterna. Álibi reprimido
Mostra-me o céu aberto, caos além do infinito

Luzes negras claream a vasta sala de olhares famintos
Casulo fútil, condena o amaldiçoado enegrecido.
Escassas palavras de sentimentos repreendidos.
Luzes brandas escurecem a alma dos rebeldes. Renascidos.

Na sombra mais inquieta, projeta-se ao lar
Fome que não mais ostenta, fuga do amargo olhar
Treva da inexistencia, pranto incoerente, reluta em afirmar.

Repousa, só, no santuário de almas desgarradas do inexistente despertar,
Desperta, acompanhado, na masmorra da insegurança, desgarrado na inquietude secular.

Oh, familiar desprazer que habita a insanidade de teus pensamentos!
Oh, majestoso temperamento que ecoa além do oceano!
Desesperançoso anjo caído de asas cortadas,
Vá e traga-me a vida, não se demore... nem se esqueça do troco!

Despreza com teus olhos todo o sangue impregnado
Nas paredes da tua fortaleza impenetrável
No refúgio supremo da falecida consciência
Reino dos massacrados, sem imposições nem demência.

Por Leonardo Bighetti e Ricardo Cicarelli.

user darkside   date 10:49 AM. permalink Permalink

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Da lua que engrandece - morte
ao uivo que ensurdece - sorte
lobos famintos que devoram a alma
hã! e ainda lhe pedem para ter calma...

Caçada infeliz, sangue que escorre da boca
vinde a mim então, fome louca
consome meu corpo por prazer
não importa, irei sobreviver.

Sorriso sádico nos lábios que me beijam
em sonhos apenas me desejam
em vida ignoram possuir
fogo que atiça o ventre, querem me punir.

Se da realidade lhe atormento - morte
aos pulsos que lhe estendo - sorte
cara de pau para encarar a dama
hã! só querem me levar para a cama.

Olhos de ressaca nessa forca
faz de muito, coisa pouca
não reflita descaso com os que servem seu ser
eles se rebelam um dia, pode crer.

Com grandes âncias se festejam
arrebatamento cruel, não pestejam
contornos e curvas pretendem se unir
ah... céus...não dá pra resistir!

No momento não se faz profana
hã! e você pensa que me engana!
Sei que você me quer assim...
desse jeitinho... até fim!

Por HikaruSama

user darkside   date 10:49 AM. permalink Permalink

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Conheça o lado menos afável dos poetas da nova era.

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