Silêncio.

Brisa gelada que faz tremer os ossos. Escuridão e a espessa neblina que, inquieta, confunde-se com a noite.

Turquesa amaldiçoada, negro horizonte cinzento. Luz trêmula faz-se presente no quarto de sombras e paredes caladas.

Dentro, eternas luzes verdes intermitentes, na solidão da própria existência. Colaborando no refúgio insensato porém necessário, conectando palavras randômicas.

Fora, infinitas luzes trêmulas, passeando por entre os grãos de água. Janelas e quartos e a vida alheia, fatos aparentemente desconexos, conectados.

Silêncio.

Reflexos no vidro embaçado da janela.

Água da chuva, iluminada pela luz dos postes na rua, caindo devagar. Ar gelado, os músculos se contraem, boca seca, olhos atentos.

Pequenos detalhes, tão sutis, passam desapercebidos. Pequenos detalhes, que berram, tão evidentes, nem se notam.

Permanente toque de limão. Amargo, a garganta fechada, lembranças de batalhas travadas diariamente, esvaem-se, como plumas ao vento. Como o suave sopro da neblina, escorre como gotas que batem insistentemente no vidro.

Amargo e vermelho como o vinho, nobre e repudiante.

Gosto peculiar. Familiar, de certa forma.
Silêncio.

Por Leonardo Bighetti

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