O erro

É indiferente colorir como me sufocou,
Mas finalmente consegui parar de soluçar.

Cicatrizes que fortalecem são aquelas com quais você aprende,
experiências nas quais o erro é fundamental.

O erro inexistente.

Eu tentei fazer tudo certo e deu errado.
Deu errado, e eu sinto muito.
Minha sanidade escassa me suplica a consciência,
Atingida somente agora, de que por mais que seja doloroso
A culpa *foi* minha mas não havia nada a ser feito.

Um tiro no peito, de jeito.

Não posso pedir desculpas, ó Paradoxo.
Não há arrependimento de fato inconsciente.
E mesmo assim eu clamo calmo: desculpa!

Medo do desconhecido eu conheci ferido,
E desconheço o que conheci com medo.

Quando minha sensibilidade foi negada,
Eu não achava sentido.
Eu não entendia o motivo,
Até descobrir que o culpado era eu mesmo.
E me neguei sem saber o que saber,
Mas tudo passou...

Porque você estava lá.
E estará lá até que o espaço-tempo seja destruído.
Você estará lá.
Eu sei.

por Leandro M. Bighetti (Bam)

user Leandro Bighetti   date 2:11 PM. permalink Permalink

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Meio... vazio, sabe?

Apreciando o descaso olho, mas não enxergo
e sufocado pasmo.
Preguiça.
Não.
É a indiferença que consome e desanima,
morrendo de saudades de alguém que está aqui do lado.

Desculpa.
Palavra mágica automática de consciência desconecta, como citado, indiferente.
Potencial desperdiçado, justificativas incoerentes;
restos da flor que não brotou.

Abandono. Insuficiência. Desconsolo.

O poeta se dispersa
e não há mais ironias.

Por Leandro M. Bighetti (Bam)
*Agradecimento especial a Monique Amaral

user Leandro Bighetti   date 2:40 PM. permalink Permalink

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Não existem Lados

Pilares de segundos escassos, hipocrisia e descaso
Síndrome do medo e insegurança do óbvio e comum
Mania de acreditar no que é mais confortável
As paredes desabam e não existem mais lados

Pontadas de tristeza irracional mantendo a corda-bamba
Desfilando sobre o picadeiro de olhares curiosos
Desmorona a avalanche de mentiras sorrateiras
Dentes cerrados, olhos vidrados e não existem mais lados.

Não existem mais lados.

Inocência e sinceridade inexistentes
Linhas tênues sobre supostas verdades
Tic-tac-tic-tac os ponteiros voam
Segundos parecem dias e não existem mais lados.

Não existem mais lados.

Não existe mais nada.

Se o que não mata fortalece, nem Hércules pode comigo...

Por Leonardo Bighetti

user darkside   date 11:40 AM. permalink Permalink

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A Pia

A pia é branca.
O mármore é áspero.
A água não desce.
O corpo em estilhaço.

As lágrimas são secas
O vazio insensato
Lembranças tão claras
Teu amor tão escasso.

A pia é branca.
O mármore é negro.
A água parada
Meu rosto molhado.

A vida está embaçada
As claves separam
A vista molhada
O espelho em pedaços.

A pia é branca
E os segundos não passam
O vômito das palavras gurgitam
A mágoa das atitudes desesperadas.

E a vida não é vida.
E a morte não é vida.
Somente uma pia branca e os olhos
Lâminas afiadas que dilaceram a carne.

A água que respinga está parada
Camadas de lágrimas secas, inertes.

Paradas.

Os segundos parados
E por um momento, não há nada.

Os segundos viram vida
E a vida vira a morte.

E a morte, sorri.

Por Leonardo Bighetti

user darkside   date 7:41 PM. permalink Permalink

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Maquiagem Urbana

Desconforto. Sono. Estresse.

Descontentamento infinito devido à irreversibilidade do tudo.
Degradação mental progressiva em várias doses.
Inefáveis desvios de atenção seriamente irritantes.
Incondicional falta de tempo e disposição.

Lavagem cerebral.

Rótulos cada vez mais descartáveis.
Ampliação de critérios enigmáticos para os mais simples feitos.
Destruição em massa da vontade e dignidade pessoal.
Degradação deliberada do ser.


Irrelevância. Irrevelância. Descrença.

Indiferença disposicional inoptável.
Incredibilidade parcial ou completa.
Todo ser um mesmo, todo mesmo um ser.
Instabilidade toda e qualquer sempre ignorada.

Desgosto.

Por Leandro Bighetti (Bam)

user Leandro Bighetti   date 9:17 PM. permalink Permalink

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Pessoas em carne... pessoas de rua
Vadiagens à parte, a burocracia não lhe compete.
Estou farta de pessoas-fachada,
Comportamentos categóricos e sentimentos afrouxados.
Atitudes impensadas e decisões erradas.
Ah... se nada disso tivesse acontecido.

Não compreendo sua natureza humana.
E a sua também não.
Dele talvez... mas não me faz muito sentido em certos momentos.
O "diz que desdiz" em tal realidade me consome
E cansa parar pra analisar as antagonias sempre.
Melhor mesmo é desencanar e passar pra frente.

As amêndoas nada dizem... nada declaram ou aproveitam.
O que era não é mais? E o proposto? Refeito e dito?
E os valores de tradição?
Que coisa mais inútil.
Já disse, estou cansada de pessoas-fachada!
E... ai.... por Zeus... que raiva!

O mundo gira... ele não pára... mas eu paro.
Preciso de sossego, de paz e de certezas!
Puta que pariu... como certezas fazem bem!
E declarações de sentimentos verdadeiros.
Os medos me espantam! E me desprendem da vida.

Fala sério... como custa a realidade ser doce.
E os ecos aqui dentro se intensificam.
Foda-se você também... que de sete abençoado se amaldiçoou.
Eu quero um abraço... e palavras doces.
Eu sei que é biológico, mas por que as vezes sinto você tão distante? Como hoje?

Chega! Fico quieta agora.
Doce e amargo se encontram tão presentes e tão próximos.
Um paradoxo de mente primária. Chega... fala... vai embora...
Tome rumo ou tome jeito! Me dê razões se tanto quer reviver.
Nada faz o conceito mudar... sentimentos guiados demais para regredir.

Tudo está mais amargo hoje.
Nem o tempo me ajuda.
Apaguei... e não quis mais acordar... e não quero.
Quero você aqui me fazendo bem... nem tudo é como se quer. Ocupações!
Desisto!

Boa noite!

Por HikaruSama

user darkside   date 7:16 PM. permalink Permalink

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Japão, 1682.

Uma esquina como outra qualquer, solitária e deserta no meio do nada... as folhas dançavam livres pelos quintais dos pensamentos alheios. Perdiam-se no além, sumiam sem deixar rastros.
Ventos suaves e continuos traziam consigo a lenda. Aquele que incontáveis conflitos travou e, surpreendentemente, sobreviveu condecorado no feudo de sangue daqueles que interviram em seu caminho. O caminho do assassino, alimentado pelas chamas ardentes da vingança. Sombras.

Homem sábio de habilidade singular. Não tinha rosto nem expressão aparente, apenas uma espada e seu estilo grandiosamente superior, conhecido como Suio-Ryu Zambatou.

Pobres, pobres inimigos.

Aquela lenda viva, que inspirava ronins e intimidava daimiôs... Imbatível e solitário. Itto Ogami. Sim, o Lobo Solitário.
O som amedrontador que separa a bainha da lâmina, é justamente neste momento em que se ouve a mensagem da morte certa.
Não existe dúvida entre viver ou morrer quando nos deparamos com aquele que possue o SHISHÔGAN.

O vento pára de sobrar, as folhas trocam de cor e caem mais lentamente, tudo parece tão mais vermelho...
Apesar de, há dias, já ter percebido que estava sendo seguido, Ogami decide parar e é então que, neste momento, um breve diálogo se inicia:

Ogami: - Porque tanto se esconde nas sombras? Apareça, mostre-se!
Voz que emerge das sombras: - Eu o venho seguindo há dois outonos. Teve o tempo necessário para sentir a brisa do oeste e pensar na vida erronea que escolheu. Sinto muito, mas sua trilha de sangue termina hoje.
Ogami: - ...
Voz que emerge das sombras: - Meu nome é Hattori Hanzo, o homem que venho caçar o Lobo Solitário!
Ogami: - Espero que tenha idéia das palavras que pronuncia, e para quem as direciona.
Hanzo: - Cale-se! Prepara-se para morrer!

Ogami num gesto silencioso e instantaneo, retira sua espada da bainha e, formidavelmente, a lança contra o coração de Hanzo que, sem chance ao menos de desferir o primeiro golpe, cai perplexo e ciente de que está vivendo seus últimos segundos...

Hanzo: - Co...Co...Como pôde!? Um samurai ja... jamais abandona su... sua espada!
Ogami: - Aquele que lhe arremessou a espada e está presenciando sua morte neste instante, não curva-se aos olhos do Bushido há muito... Você é jovem e esqueceu uma importante lição, quando se lida com um animal de instinto assassino, não há regras nem honra que o desviará de seu objetivo final de aniquilar sua presa!

Itto Ogami retira a espada cravada no coração do jovem samurai que em meio a todo sangue faz-se perceber seus últimos e ofegantes suspiros. Suspiros de uma curta existência.
O Lobo Solitário olha fixamente os olhos de sua presa e o decepa com um golpe, artisticamente, majestoso.
"É tudo mais fácil quando esquecemos nossas origens e nos colocamos no lugar dos animais, objetivamente, no lugar dos reais predadores." - Reflete Ogami já longe do cenário da luta, caminhando e desaparecendo em meio ao horizonte.

A vida torna-se ainda mais vermelha e o caminho do assassino estreita-se cada vez mais. Até onde isso vai dar? Bem, enquanto o espírito lupino de Ogami permitir, ele continuará sua trilha, pois neste momento... sobrevive o mais forte.


GLOSSÁRIO

Ronin - Samurai sem patrão.
Daimiôs - Senhor feudal.
Shishôgan - Olhos de quem transita entre a vida e a morte.

Homenagem ao sensacional mangá de Kazuo Koike e Goseki Kojima conhecido no Brasil como Lobo Solitário. Todos os direitos reservados.


________________
por Ricardo Cicarelli

user darkside   date 12:00 AM. permalink Permalink

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Um anjo

Um anjo me atravessou na Noite Escura
Era quase um menino com a mente pura
Ele era a cura para meus medos
Acabou descobrindo vários segredos

Um anjo me nocauteou na Noite Negra
Era so um menino numa peleja
Transformou-se num homem ao amanhecer
Tinha gosto de Martini com cereja

Um anjo me encantou pela noite afora
Era só um menino curtindo um show
de mansinho me apaixonou e
fica ecoando na minha mente agora

Era só um menino na noite escura
Era só um anjo na noite negra
Era só um homem numa peleja
Era só um Amor batendo na porta

Elisabeth Vian

user darkside   date 10:58 AM. permalink Permalink

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sobre o blacksun

Conheça o lado menos afável dos poetas da nova era.

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