A Pia

A pia é branca.
O mármore é áspero.
A água não desce.
O corpo em estilhaço.

As lágrimas são secas
O vazio insensato
Lembranças tão claras
Teu amor tão escasso.

A pia é branca.
O mármore é negro.
A água parada
Meu rosto molhado.

A vida está embaçada
As claves separam
A vista molhada
O espelho em pedaços.

A pia é branca
E os segundos não passam
O vômito das palavras gurgitam
A mágoa das atitudes desesperadas.

E a vida não é vida.
E a morte não é vida.
Somente uma pia branca e os olhos
Lâminas afiadas que dilaceram a carne.

A água que respinga está parada
Camadas de lágrimas secas, inertes.

Paradas.

Os segundos parados
E por um momento, não há nada.

Os segundos viram vida
E a vida vira a morte.

E a morte, sorri.

Por Leonardo Bighetti

user darkside   date 7:41 PM. permalink Permalink

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