Japão, 1682.
Uma esquina como outra qualquer, solitária e deserta no meio do nada... as folhas dançavam livres pelos quintais dos pensamentos alheios. Perdiam-se no além, sumiam sem deixar rastros.
Ventos suaves e continuos traziam consigo a lenda. Aquele que incontáveis conflitos travou e, surpreendentemente, sobreviveu condecorado no feudo de sangue daqueles que interviram em seu caminho. O caminho do assassino, alimentado pelas chamas ardentes da vingança. Sombras.
Homem sábio de habilidade singular. Não tinha rosto nem expressão aparente, apenas uma espada e seu estilo grandiosamente superior, conhecido como Suio-Ryu Zambatou.
Pobres, pobres inimigos.
Aquela lenda viva, que inspirava ronins e intimidava daimiôs... Imbatível e solitário. Itto Ogami. Sim, o Lobo Solitário.
O som amedrontador que separa a bainha da lâmina, é justamente neste momento em que se ouve a mensagem da morte certa.
Não existe dúvida entre viver ou morrer quando nos deparamos com aquele que possue o SHISHÔGAN.
O vento pára de sobrar, as folhas trocam de cor e caem mais lentamente, tudo parece tão mais vermelho...
Apesar de, há dias, já ter percebido que estava sendo seguido, Ogami decide parar e é então que, neste momento, um breve diálogo se inicia:
Ogami: - Porque tanto se esconde nas sombras? Apareça, mostre-se!
Voz que emerge das sombras: - Eu o venho seguindo há dois outonos. Teve o tempo necessário para sentir a brisa do oeste e pensar na vida erronea que escolheu. Sinto muito, mas sua trilha de sangue termina hoje.
Ogami: - ...
Voz que emerge das sombras: - Meu nome é Hattori Hanzo, o homem que venho caçar o Lobo Solitário!
Ogami: - Espero que tenha idéia das palavras que pronuncia, e para quem as direciona.
Hanzo: - Cale-se! Prepara-se para morrer!
Ogami num gesto silencioso e instantaneo, retira sua espada da bainha e, formidavelmente, a lança contra o coração de Hanzo que, sem chance ao menos de desferir o primeiro golpe, cai perplexo e ciente de que está vivendo seus últimos segundos...
Hanzo: - Co...Co...Como pôde!? Um samurai ja... jamais abandona su... sua espada!
Ogami: - Aquele que lhe arremessou a espada e está presenciando sua morte neste instante, não curva-se aos olhos do Bushido há muito... Você é jovem e esqueceu uma importante lição, quando se lida com um animal de instinto assassino, não há regras nem honra que o desviará de seu objetivo final de aniquilar sua presa!
Itto Ogami retira a espada cravada no coração do jovem samurai que em meio a todo sangue faz-se perceber seus últimos e ofegantes suspiros. Suspiros de uma curta existência.
O Lobo Solitário olha fixamente os olhos de sua presa e o decepa com um golpe, artisticamente, majestoso.
"É tudo mais fácil quando esquecemos nossas origens e nos colocamos no lugar dos animais, objetivamente, no lugar dos reais predadores." - Reflete Ogami já longe do cenário da luta, caminhando e desaparecendo em meio ao horizonte.
A vida torna-se ainda mais vermelha e o caminho do assassino estreita-se cada vez mais. Até onde isso vai dar? Bem, enquanto o espírito lupino de Ogami permitir, ele continuará sua trilha, pois neste momento... sobrevive o mais forte.
GLOSSÁRIO
Ronin - Samurai sem patrão.
Daimiôs - Senhor feudal.
Shishôgan - Olhos de quem transita entre a vida e a morte.
Homenagem ao sensacional mangá de Kazuo Koike e Goseki Kojima conhecido no Brasil como Lobo Solitário. Todos os direitos reservados.
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por Ricardo Cicarelli
1 Comentários:
Típico humanóide renomado, escrita ardilosa..."heróica"...visionário, mas menos atuante.
Anônimo 8:22 PM Permalink
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