Há alguns invernos atrás
Um dia de julho.
O ponteiro dos segundos move-se impiedosamente, indiferente a tudo e todos.
O vento gelado sopra as cortinas para fora da sacada. O sol borra as cores dos azulejos e a barra de metal do parapeito. Sozinho, observo a brisa formar espirais de folhas secas de árvores, lá em baixo. O sol lá fora torna todas as cores excessivamente borradas e brancas, como se fosse um sonho. Verde, marrom e branco.
O rádio repete as mesmas já conhecidas músicas acústicas.
Sobia sempre a mesma rua, mais ou menos no mesmo horário, mas todo dia era único como se fosse o último. Logo o inverno e as férias seriam apenas lembranças e isso era assustador, pois já não mais era possível voltar atrás.
Curiosamente, foi no inverno que surgiram de minha boca as palavras que pensava nunca mais ter a ousadia de pronunciar.
Em um dia não tão diferente de hoje.
Por Leonardo Bighetti
1 Comentários:
Contagiante...sempre tão próximo e tão distante.
"Ouse" cada vez mais!...eh a´única coisa que falta!
Keep like this...singular.
A. Violet
Anônimo 6:59 PM Permalink
Postar um comentário
Voltar para Página Principal