No início...
Houve uma vez uma pessoa cuja amargura surpreenderia até os mais céticos dos poetas. Entre os dias mais cinzentos, entre bebidas e drogas alucinógenas, mostrou-me a dormência gritante de uma sociedade sem escrúpulos, sem vida e sem consciência, implorando para ser desperta. Sob as circunstâncias mais adversas, berramos nossa revolta em palavras, no vazio escuro da noite. Canalizando todo nosso próprio sofrimento, despertamos as almas alheias.
Glória de dias e dias que se foram.
Imaginando que destino fatítico teria sido o desta maravilhosa escritora, poeta e irmã, segui meus dias a esmo, no vácuo solitário da minha solitária existência no todo.
E dias tornaram-se anos. Não mais lembrava-me das noites em claro em que juntos descrevemos o caos nihilista da sociedade. O único elo entre o passado lúcido e o presente incrédulo era o pequeno diário da capa negra, rotulado de - nada menos que - "BlackSun".
Embora tema que seu temperamento e sofrimento tenham tomado conta de sua amarga vida, espero que nunca em vão. Pois os antigos dias estão marcados e disseminados. Pois estamos aqui, todos nós, berrando, ao meio do insano caos, insanas palavras.
Debaixo da nuvem fétida do monóxido decadente, todos permanecem calados.
Mas mesmo o mais mudo dos mudos, sabe ouvir.
1 Comentários:
Nunca deixe de berrar sua revolta em palavras...Isso prova que vc está vivo...só as pedras podem calar.
Anônimo 3:36 PM Permalink
Postar um comentário
Voltar para Página Principal