Ausência

Presença.

Passado em finitos quadros e antigas fotografias.

Como se pudesse respirá-lo, como se entrasse por minhas narinas, sufocando e atordoando.

Pensamentos alheios e verdades infinitas. Observo. Cerro os olhos. Aguço a mente no nem tão óbvio assim.

Indago. Aquele que nos une, quase posso tocar, nas ruínas da minha própria imaginação pródiga. Ainda assim, incompreensão.

Ciclos passam diante de meus olhos em pequeninos coloridos borrões. Todas as coisas, todas as diferenças bizarras, unidas por um só fato - vêm e vão.

Observo. Este que é uma face de três. Alheio a tudo e a todos. O espectador sentado no camarote. Onipresente. Ausente.

E em cada novo quadro, uma antiga e inerente parte destoa. Inerente a beleza e trivialidade, do finito. Eficácia com que preenche, borrifa seus momentos no ar seco e gelado.

Arrepia os pêlos como se suspirasse ao ouvido. Lentamente. Estão todos aqui. Ou pelo menos, estiveram. Marcados com ferro e fogo.

Inespera, como a tormenta que naufraga os desavisados, entra sem bater.

A mente volta ao presente, e observa. Incompreendido. Usual. Quanta ignorância alheia...

Ácido. Navegante, ofegante, misturando e mistificando os fatos, torna apenas um - Meu. Como um universo paralelo translúcido, mantém a mente fresca e afiada. Aprendemos.

Definitivamente, muito mais do que olhos distantes. Um mundo, uma vida inteira. O eterno filme solitário.

Ausento. Insensivelmente, não existe outra maneira. Gera ausência de palavras que deveriam ter sido ditas e ações que deveriam ter sido tomadas. Será?

De qualquer maneira, inevitável que o faça. Na ineficiência e solitude do alheio, prevalece. Ácido. Despenca do desfiladeiro, apenas para retornar - sabedoria.

E toda vez, retorna. Eis de fazê-lo, implicitamente.

Toda vez.

Por Leonardo Bighetti.

user darkside   date 5:13 PM. permalink Permalink

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